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Um psicólogo explica porque surgem hábitos de controlo após stresse crónico e como readquirir flexibilidade.

Casal sentado em café numa estação de comboios; mulher limpa a mesa, homem olha para o telemóvel; comboio ao fundo.

As listas multiplicam-se. As regras tornam-se rígidas. E, em breve, o que em tempos nos acalmou passa a comandar a situação.

Numa pequena esplanada perto da estação, uma mulher limpa a mesma mesa duas vezes. Vê o telemóvel, depois volta a vê-lo. O chá arrefece enquanto alinha os pacotes de açúcar com precisão silenciosa. Um homem na mesa ao lado ensaia uma resposta de trabalho em voz baixa, editando e reeditando a mesma frase. Ninguém parece ansioso. É apenas um leve zumbido de controlo, como puxar o cobertor mais para cima numa manhã fria. A empregada deixa cair uma colher e todos estremecem rápido demais. Quase se ouvem os sistemas nervosos a recuar um passo.

O problema do controlo é que muitas vezes começa como cuidado. Depois, torna-se um guião do qual não se consegue parar de ler. E esse guião parece mais seguro do que o silêncio. É exatamente aí que está a armadilha.

Porque é que os hábitos de controlo florescem após stress crónico

Quando o stress persiste, o cérebro troca flexibilidade por previsibilidade. É eficiente, não dramático. As rotinas solidificam-se, as escolhas diminuem e a sensação de autonomia é delegada a regras que se conseguem repetir sob pressão. A curto prazo, isto estabiliza o navio.

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