Quando todas as conversas acabam por voltar à mesma pessoa, normalmente está a acontecer algo mais profundo por baixo da superfície.
A maioria de nós conhece alguém que consegue transformar qualquer assunto numa história sobre a própria vida. Por vezes, até nos apanhamos a fazer o mesmo. Os psicólogos dizem que este padrão raramente é aleatório. A forma como uma pessoa fala de si e o espaço que ocupa numa conversa revelam, muitas vezes, necessidades escondidas, medos e hábitos que moldam as suas relações.
Mais do que um hábito passageiro, segundo os psicólogos
Falar sobretudo sobre si próprio, regra geral, não aparece de um dia para o outro. Tende a formar-se como um estilo de comunicação que se mantém, por vezes durante anos. As pessoas fazem-no muitas vezes sem se aperceberem, enquanto quem as rodeia se sente silenciosamente esgotado ou posto de lado.
Os psicólogos salientam que as conversas funcionam como espelhos sociais. Mostram como nos vemos, como imaginamos que os outros nos veem e o que esperamos obter da interação. Quando alguém recentra constantemente a conversa nas suas próprias experiências, ambições ou problemas, esse padrão costuma refletir mais do que simples entusiasmo.
Quando alguém desvia sempre o tema para si, muitas vezes está a tentar regular emoções, e não apenas partilhar informação.
Algumas pessoas usam a fala autocentrada como um escudo. Ao conduzir a troca para terreno familiar, reduzem a incerteza. Em vez de enfrentarem perguntas difíceis, críticas ou silêncio, enchem o espaço com detalhes sobre a própria vida. A conversa parece mais segura, porque controlam o guião.
Outras encaram as conversas como um palco. Relatam conquistas, falhas e dramas como se estivessem a atuar. Pode soar a confiança, mas muitas vezes esconde uma autoimagem instável que precisa de reparação constante.
O que isto diz sobre a personalidade
A investigação em psicologia social mostra que a “elevada auto-referência” em conversa - falar de si muito frequentemente - está ligada a traços de personalidade específicos e a necessidades emocionais. Nem sempre significa narcisismo, mas envia sinais.
Uma procura constante de validação
Um fio condutor comum é a necessidade de reafirmação. Pessoas que falam muito sobre si procuram frequentemente sinais subtis de aprovação: um aceno, uma gargalhada, um “uau”. Essas reações aliviam temporariamente dúvidas sobre o seu valor ou competência.
A fala autocentrada pode funcionar como um penso emocional rápido: acalma a insegurança por um momento, sem tratar a ferida na raiz.
➡️ Muitas pessoas subestimam como o ambiente afeta o humor
➡️ Esta mistura usada em restaurantes desinfeta tábuas de corte sem cloro
➡️ O truque de verdadeiros condutores para desembaciar um para-brisas em segundos
➡️ A planta que afasta mosquitos naturalmente do seu pátio
➡️ Ninguém pensa nisto: esta mistura usada em hotéis de luxo faz os vidros brilharem sem marcas
➡️ O truque para usar creme Nivea para apagar olheiras e parecer mais jovem depois dos 50
➡️ Esta técnica pouco conhecida de fisioterapeutas relaxa os ombros em trinta segundos
➡️ Este mecanismo de coping comum funciona a curto prazo, mas drena energia a longo prazo
Esta necessidade de validação pode manifestar-se de várias formas:
- Histórias longas sobre conquistas passadas, repetidas para novos públicos.
- Relatos detalhados dos esforços do dia a dia, à procura de elogios ou simpatia.
- Comparações frequentes com outros, enquadradas para parecer superior ou injustiçado.
Por baixo da superfície, muitas destas pessoas têm medo de não serem “suficientes” a menos que os outros confirmem constantemente o seu valor. O monólogo torna-se uma ferramenta para afastar esse medo.
Autocongratulação e frustração escondida
Outro motivo está ali perto: a autocongratulação. Quando alguém raramente recebe reconhecimento no trabalho, na família ou no círculo social, pode crescer amargura. Falar de si num tom elogioso torna-se uma forma de restaurar estatuto.
Sublinham os seus sacrifícios, os seus sucessos, os obstáculos que ultrapassaram. Destacam detalhes que os colocam como a pessoa responsável, a pessoa talentosa, a pessoa incompreendida. À superfície, soa a orgulho. Por dentro, reflete muitas vezes uma longa história de se sentirem invisíveis ou subestimados.
Baixa empatia e traços narcisistas
Os psicólogos também notam que pessoas que dominam constantemente a conversa com as suas histórias tendem a mostrar empatia reduzida. Têm dificuldade em permanecer nas emoções do outro. Assim que alguém partilha um problema, entram com uma experiência semelhante sua, sequestrando o tema.
Isto nem sempre significa uma perturbação de personalidade narcisista completa. Ainda assim, o padrão partilha algumas características com o narcisismo:
| Tendência | Como aparece na conversa |
|---|---|
| Necessidade de admiração | Gabarem-se frequentemente, “pescar” elogios, realçar qualidades únicas. |
| Foco autocentrado | Interromper, ignorar sinais, trazer todos os assuntos de volta a si. |
| Empatia limitada | Minimizar sentimentos dos outros, oferecer “a minha história” em vez de ouvir de verdade. |
Com o tempo, este estilo corrói a confiança. Os amigos sentem-se usados como público, não valorizados como iguais. Parceiros românticos referem frequentemente sentir-se emocionalmente sós, mesmo enquanto ouvem detalhes intermináveis sobre a vida do outro.
Causas psicológicas mais profundas
Por detrás do comportamento visível, costumam coexistir várias dinâmicas mais profundas. Raramente são conscientes e muitas vezes começam cedo na vida.
Insegurança e medo de rejeição
Muitos “faladores de si” crónicos carregam um medo forte de serem rejeitados ou abandonados. Ao controlar a conversa, tentam controlar a forma como os outros os veem. Mostrar a “melhor versão” de si, repetidamente, parece mais seguro do que deixar espaço para silêncio ou perguntas genuínas.
Os psicólogos associam este padrão a questões de vinculação. Pessoas que cresceram em ambientes instáveis, ou que receberam afeto apenas quando “rendiam” ou impressionavam, podem ter aprendido que a atenção tem de ser constantemente conquistada. As conversas na idade adulta tornam-se então arenas onde lutam para não perder o seu lugar.
Quando a atenção parece escassa ou frágil, algumas pessoas falam sem parar sobre si para evitarem desaparecer da mente do outro.
Complexos de inferioridade e superioridade
Surge frequentemente outro paradoxo: quem soa mais seguro de si pode sentir-se profundamente inferior. Para compensar, constrói uma narrativa onde aparece sempre mais forte, mais sábio ou mais refinado do que os outros.
Os psicólogos falam de “superioridade compensatória”. A pessoa insiste alto na sua excelência porque, em segredo, duvida dela. O mesmo mecanismo também pode inverter-se: alguns adotam um papel permanente de vítima, repetindo infortúnios. Em ambos os casos, o foco mantém-se centrado no eu, deixando pouco oxigénio para uma troca mútua.
O custo escondido para as relações
Quando uma pessoa fala consistentemente sobre si, as relações sofrem em silêncio. Amigos começam a evitar conversas longas. Colegas deixam de partilhar ideias porque esperam que sejam ofuscadas. Parceiros retraem-se emocionalmente.
A conversa torna-se uma via de sentido único. Há pouco diálogo real, poucas perguntas abertas, quase nenhuma curiosidade genuína. Com o tempo, esta dinâmica pode criar:
- Mal-entendidos, porque a pessoa autocentrada falha detalhes importantes sobre os outros.
- Ressentimento, à medida que os ouvintes se sentem invisíveis ou explorados.
- Fadiga social, já que as interações parecem mais trabalho do que ligação.
Muitas pessoas só se apercebem do problema quando alguém finalmente o sinaliza, ou quando as relações se repetem a quebrar sem explicação clara.
É possível mudar este padrão conversacional?
Os psicólogos dizem que a mudança se torna possível quando a pessoa reconhece o padrão e o liga a emoções mais profundas. Dizer simplesmente a alguém “fala menos sobre ti” raramente resulta. O comportamento protege-a de ansiedade, vergonha ou solidão. Retirá-lo sem alternativas pode parecer ameaçador.
Em vez disso, o trabalho terapêutico foca-se muitas vezes em construir um sentido de eu mais estável, que não dependa totalmente da validação externa. À medida que cresce a autoaceitação, a urgência de preencher cada silêncio com histórias pessoais tende a suavizar.
Aprender a ouvir começa por se sentir segurança suficiente para não estar no centro de todas as conversas.
Num plano prático, profissionais de saúde mental sugerem frequentemente pequenos exercícios concretos:
- Contar quantas perguntas faz à outra pessoa numa conversa e tentar aumentar esse número.
- Fazer uma pausa de alguns segundos antes de responder, para resistir ao impulso automático de contar a sua própria história semelhante.
- Reformular com as suas palavras o que a outra pessoa disse antes de falar sobre si, para mostrar que a ouviu de facto.
Como reagir quando alguém só fala de si
Para quem está do outro lado, a situação pode ser exaustiva. Definir limites não exige agressividade. Normalmente assenta em clareza e consistência.
Algumas estratégias usadas por terapeutas e coaches de comunicação incluem:
- Redirecionar com gentileza: “Percebo que isto te fez lembrar a tua experiência, mas gostava de terminar o que estava a dizer.”
- Limitar o tempo: decidir antecipadamente quanto tempo mantém contacto com pessoas que nunca retribuem.
- Escolher o contexto: preferir situações em grupo, onde é mais difícil para alguém monopolizar a troca.
Estas abordagens não têm como objetivo punir a pessoa autocentrada, mas preservar a sua própria energia e sinalizar que a conversa deve fluir nos dois sentidos.
Noções relacionadas que ajudam a compreender o comportamento
Esta tendência liga-se a vários conceitos psicológicos mais amplos que muitas vezes ficam em segundo plano nas conversas do dia a dia. Um deles é o “narcisismo conversacional”, termo cunhado pelo sociólogo Charles Derber. Descreve o hábito automático de deslocar o foco para si, mesmo sem intenção maliciosa. Reconhecer esta dinâmica pode ajudar as pessoas a aperceberem-se mais cedo e a escolher uma resposta diferente.
Outro conceito útil é a “precisão empática” - a capacidade de inferir corretamente o que outra pessoa pensa ou sente. Pessoas que falam constantemente sobre si tendem a pontuar mais baixo nesta competência, não por falta de inteligência, mas porque a sua atenção raramente sai do mundo interno. Exercícios que fortalecem a tomada de perspetiva - como tentar recontar uma história do ponto de vista da outra pessoa - podem, gradualmente, reequilibrar as conversas e reduzir a necessidade de permanecer em destaque.
Comentários (0)
Ainda não há comentários. Seja o primeiro!
Deixar um comentário