Os hidratantes prometem todos uma pele macia e saudável, mas os especialistas dizem que apenas uma loção de uso diário se destaca verdadeiramente da concorrência.
Os especialistas em consumo em Espanha analisaram ao detalhe um produto que a maioria de nós quase não questiona: a loção corporal a que recorremos todos os dias depois do banho. A mais recente investigação sugere que, embora a maior parte dos cremes faça um trabalho bastante competente, há uma marca que, discretamente, supera nomes famosos como a Nivea e a Neutrogena em vários pontos-chave.
O estudo que abalou a prateleira dos hidratantes
A investigação é da Organización de Consumidores y Usuarios (OCU), uma associação espanhola de consumidores com longa experiência a testar tudo, desde alimentos a eletrónica. Desta vez, os especialistas centraram-se em 14 loções corporais vendidas em supermercados e farmácias.
A primeira conclusão pode surpreender quem está habituado a manchetes alarmistas sobre cuidados de pele. Cada um dos 14 produtos conseguiu hidratar a pele de forma eficaz. Todos combinaram água, óleos e emolientes de um modo que ajudou a restaurar a barreira cutânea e a melhorar a suavidade.
Os especialistas da OCU consideraram que todos os cremes do teste são verdadeiramente hidratantes, mas uma marca ofereceu a experiência mais equilibrada.
Textura, fragrância e a sensação da fórmula durante e após a aplicação fizeram uma diferença real nas pontuações finais. O preço também entrou na equação, com alguns produtos de gama média a apresentarem resultados ao nível de concorrentes bem mais caros.
A marca que discretamente superou a Nivea e a Neutrogena
No topo do ranking está um nome que pode soar mais a “corredor da farmácia” do que a balcão de beleza de luxo: Eucerin pH5. Segundo a OCU, esta loção ofereceu o melhor conjunto global na comparação.
O que a colocou à frente de gigantes internacionais como a Nivea e a Neutrogena não foi uma promessa chamativa, mas sim o equilíbrio. Os testadores destacaram três pontos fortes principais: uma textura confortável e fácil de espalhar; hidratação sólida e duradoura; e uma fragrância considerada agradável, sem ser demasiado intensa.
A Eucerin pH5 obteve a pontuação mais alta pela combinação de conforto, hidratação e satisfação do utilizador, mantendo um preço de gama média.
A loção rondava, em média, os 20 euros em Espanha, situando-se numa faixa de preço que muitos consumidores já aceitam para um produto corporal “de confiança”. Ou seja, não foi preciso entrar no segmento de luxo para obter a escolha número um da OCU.
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E as grandes marcas, como se saíram?
A Nivea e a Neutrogena, ambas amplamente vendidas na Europa e na América do Norte, não tiveram um mau desempenho na investigação. A Neutrogena, juntamente com a marca espanhola Natural Honey, recebeu elogios por deixar um acabamento não oleoso na pele. Quem não gosta de cremes pegajosos pode continuar a preferir estas opções com sensação mais leve.
Outras marcas, incluindo Dove, Nivea, Weleda e Yves Rocher, ganharam pontos por outro motivo: a embalagem. A OCU sublinhou os esforços para usar mais materiais reciclados e reduzir o desperdício de plástico - um aspeto que se torna mais importante a cada ano para consumidores preocupados com o clima.
Porque “testado dermatologicamente” não significa o que pensa
Uma das conclusões mais desconfortáveis para a indústria cosmética diz respeito à linguagem de marketing. Muitos dos cremes analisados exibem orgulhosamente frases como “testado dermatologicamente” ou “testado sob controlo dermatológico”. Para quem percorre as prateleiras rapidamente, isto pode soar a um selo de segurança de referência.
Os especialistas da OCU veem estas alegações com muito mais frieza. Em grande medida, elas repetem algo que já é obrigatório antes de um produto ser colocado à venda: as empresas têm de demonstrar que as suas fórmulas cumprem normas básicas de segurança.
Quando um creme diz “testado dermatologicamente”, normalmente significa que passou testes de tolerância em pequena escala, não que se adequa a toda a pele, em todas as situações.
Os testes são muitas vezes realizados com um número relativamente limitado de voluntários, por vezes com tipos de pele semelhantes e sem condições graves. Isso não garante que o mesmo creme funcione para pessoas com eczema, rosácea ou pele muito reativa.
A associação também destacou grandes diferenças de preço entre produtos comparáveis. Segundo a análise, essas diferenças nem sempre refletiam melhorias relevantes de desempenho. Um preço mais alto muitas vezes paga marca, marketing ou posicionamento de luxo, mais do que uma hidratação claramente superior.
Os ingredientes que os especialistas querem fora da sua pele
Embora o desempenho geral dos cremes tenha sido positivo, as listas de ingredientes levantaram mais questões. Alguns hidratantes no mercado ainda contêm substâncias sinalizadas por organizações independentes ao longo da última década.
Desreguladores endócrinos: o risco escondido num creme “simples”
Entre os compostos que preocupam os cientistas estão os desreguladores endócrinos: químicos que podem interferir com os sistemas hormonais. Nas loções corporais, as principais famílias a ter em atenção são:
- Parabenos - usados frequentemente como conservantes; alguns podem imitar o estrogénio no organismo.
- Ftalatos - muitas vezes presentes em fragrâncias; vários foram associados a problemas de fertilidade em estudos com animais e humanos.
Ter uma pequena quantidade num único produto pode não causar danos imediatos, mas a exposição acumula-se através das rotinas diárias. As pessoas aplicam hidratante, desodorizante, champô, perfume e maquilhagem, todos potencialmente com químicos semelhantes.
Possíveis carcinogénios a manter no radar
A OCU também apontou substâncias classificadas como possíveis carcinogénios em alguns relatórios especializados. Dois nomes que surgem frequentemente nos rótulos:
| Substância | Para que serve | Porque preocupa os especialistas |
|---|---|---|
| BHT (butil-hidroxitolueno) | Conservante antioxidante que ajuda a evitar que os óleos rançem. | Alguns estudos associam exposição elevada a toxicidade e potencial risco de cancro em animais. |
| Benzofenona e filtros relacionados | Filtros UV que protegem a fórmula; por vezes usados em protetores solares e cosméticos. | Associados a desregulação hormonal e potenciais efeitos carcinogénicos em investigação laboratorial. |
Os reguladores na Europa e nos EUA ainda permitem níveis controlados destes ingredientes. Grupos de consumidores defendem que, quando existem alternativas mais seguras, as marcas deveriam eliminá-los gradualmente, sobretudo em produtos de uso diário e aplicados no corpo inteiro.
Ler o rótulo no verso de um creme é tão importante como a promessa brilhante na frente, sobretudo em produtos usados todos os dias.
Como os consumidores podem replicar o método dos especialistas
Poucas pessoas têm tempo para analisar estudos antes de escolher um hidratante. Ainda assim, uma rotina simples na prateleira pode reduzir riscos e manter o conforto elevado.
Três perguntas rápidas a fazer antes de comprar
- A fórmula contém parabenos, ftalatos, BHT ou benzofenona? Se sim, procure uma alternativa - especialmente se usar em crianças ou em grandes áreas de pele.
- Como é o preço face a produtos semelhantes? Um creme de gama média bem avaliado muitas vezes supera uma loção de luxo carregada de perfume e alegações de marketing.
- De que é que a sua pele realmente gosta? Quem tem pele seca, frágil ou atópica pode precisar de fórmulas sem fragrância ou minimalistas, mesmo que isso implique evitar uma marca da moda.
Aplicações que digitalizam códigos de barras e analisam listas de ingredientes, como as muito usadas em França, tornaram este processo mais fácil. Classificam produtos numa escala simples e destacam fatores de risco em linguagem clara, ajudando quem não é químico a navegar rótulos complexos.
Porque o “melhor” hidratante é pessoal, mesmo com rankings
A Eucerin pH5 pode ter liderado o gráfico da OCU, mas nenhum estudo consegue abranger todos os tipos de pele, climas ou hábitos. Quem vive num apartamento muito seco e aquecido no inverno não tem as mesmas necessidades de um corredor exposto a calor, suor e duches frequentes.
Os dermatologistas também sublinham que um hidratante, por mais bem escolhido que seja, é apenas uma peça do puzzle dos cuidados de pele. Limpeza suave, hidratação adequada através da alimentação e bebidas, e proteção contra a radiação UV influenciam a forma como a pele se sente e se apresenta.
É aqui que os rankings se tornam uma ferramenta, e não um veredito. Destacam produtos que combinam segurança, conforto e valor em condições de teste. A partir daí, cada pessoa tem de perceber como o seu corpo reage e ajustar textura, perfume e ingredientes em conformidade.
Para quem se preocupa com desreguladores endócrinos ou tem pele sensível, uma abordagem prática é variar menos os produtos e ficar por uma lista curta de cremes de confiança. Isso reduz a mistura de químicos aplicada diariamente e facilita identificar o que desencadeia vermelhidão ou comichão.
Por fim, a vertente ambiental - levantada pela OCU ao elogiar marcas que usam embalagem reciclada - tende a crescer. Os hidratantes estão em milhões de casas de banho em todo o mundo; pequenas alterações na embalagem de uma única garrafa, opções de recarga ou pegada de transporte podem ter um efeito em cadeia no mercado. Consumidores que se preocupam com a pele e com o planeta poderão, em breve, avaliar um creme não só pela suavidade que deixa na pele, mas também pela leveza com que impacta os recursos globais.
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