A sala está silenciosa, excepto pelo chiar das solas de borracha e pelo leve sibilo da respiração. No fundo do pequeno ginásio comunitário, um homem, já perto dos setenta, agarra a beira de uma cadeira robusta, joelhos fletidos, olhos fixos em frente. O médico disse-lhe para “andar mais” e “evitar trabalho intenso de core na sua idade”.
Ele ouviu. Durante algum tempo.
Agora está aqui, a fazer o único movimento de que um treinador mais novo resmungou no balneário: “Se os meus clientes com mais de 60 fizessem isto três vezes por semana, metade deles não precisava de mim.”
A barriga, mole e teimosa há anos, começou a mudar em poucas semanas. As calças abotoam com mais facilidade. O equilíbrio parece diferente.
Ninguém na sala de espera o avisou disto.
A barriga depois dos 60 de que ninguém fala
Há um momento, pelos sessenta e tal, em que se repara ao espelho: a cara continua a ser a nossa, as pernas continuam a fazer o seu trabalho, mas a cintura, discretamente, ganhou mais uns bons centímetros.
Não é só estética. O cinto aperta quando se está sentado. Atar os sapatos passa a ser uma pequena negociação. Dizemos a nós próprios que é “normal para a minha idade”, mas há qualquer coisa nessa resposta que soa vazia.
Os médicos costumam jogar pelo seguro: “Ande, vigie o açúcar, nada de exercícios malucos.”
Não estão errados em relação ao açúcar. A gordura abdominal depois dos 60 comporta-se como uma criatura teimosa e hormonal, e não apenas como calorias armazenadas.
Mas o conselho suave muitas vezes contorna uma coisa que o corpo ainda pede: um esforço inteligente e direcionado que acorde a sério o core profundo e o metabolismo.
Num inquérito de 2022 a adultos com mais de 60 anos na Europa, mais de 70% disseram que a gordura da barriga era a parte do corpo de que menos gostavam.
Muitos já tinham tentado a rotina clássica: caminhadas ao fim da tarde, alguns abdominais no tapete da sala, alongamentos leves em frente à televisão. A caminhada ajuda a cabeça. Os abdominais magoam o pescoço.
A barriga, teimosa e arredondada, quase não mexe.
Numa terça-feira chuvosa, numa clínica de reabilitação nos subúrbios, uma fisioterapeuta mostra a uma mulher de 64 anos algo diferente. Sem chão. Sem abdominais. Apenas uma cadeira, o próprio peso do corpo e um movimento lento e controlado que parece simples demais.
Três séries depois, está a suar, com as pernas a tremer, surpreendida por algo tão pequeno conseguir “ir tão fundo”.
A gordura abdominal depois dos 60 está ligada à perda de massa muscular, às hormonas e à quantidade de vezes que se sentou em vez de levantar, rodar ou estabilizar o tronco.
O corpo não precisa de castigo; precisa de um sinal claro. Um movimento que recrute vários músculos ao mesmo tempo, sem esmagar as articulações.
É por isso que alguns médicos reviram discretamente os olhos perante este exercício: não é perigoso - simplesmente funciona tão bem que faz a abordagem “só devagar e seguro” parecer ultrapassada.
É o fosso entre “manter-se ativo” e mudar realmente a forma do corpo.
O exercício que os médicos detestam porque funciona demasiado bem
O movimento é um clássico simples e brutal: o agachar de sentar-levantar a partir de uma cadeira… com um toque diferente.
Sente-se numa cadeira firme, pés assentes no chão, ligeiramente mais afastados do que a largura das ancas. Braços cruzados sobre o peito, para não se enganar. A partir daí, incline ligeiramente o peito para a frente e levante-se sem se impulsionar com as mãos.
Lá em cima, contraia suavemente os abdominais, como se alguém fosse dar um toque na barriga. Depois sente-se devagar, mantendo a contração.
Isto parece um exercício de pernas. E é. Mas, quando é feito lentamente, com essa contração firme da barriga no topo e na descida, trabalha o core profundo e os músculos à volta da cintura que suportam a coluna.
Está a ensinar o corpo a ativar a partir do centro - não a partir do pescoço, nem por balanço.
Além disso, queima mais calorias por minuto do que arrastar-se à volta do quarteirão, e ativa os grandes músculos que “falam” diretamente com o metabolismo.
A maioria dos iniciantes com mais de 60 começa com 2 séries de 8 a 10 repetições, três vezes por semana.
O primeiro erro comum: deixar-se cair na cadeira em vez de descer como se estivesse a escorregar por uma parede. Esse “plof” no fim tira trabalho aos músculos e despeja-o nas articulações.
O segundo erro: prender a respiração. Os abdominais trabalham melhor se expirar suavemente ao levantar, e depois mantiver uma tensão leve ao descer, como se estivesse a subir o fecho de umas calças confortáveis.
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Sejamos honestos: ninguém faz isto todos os dias.
A vida mete-se no caminho. Netos, consultas, noites cansativas.
É por isso que este movimento funciona tão bem: feito corretamente duas vezes por semana, continua a ser suficientemente eficaz para, com o tempo, reduzir o anel de gordura à volta da cintura - sobretudo quando é combinado com caminhadas curtas depois das refeições.
Um treinador na casa dos cinquenta, que trabalhou com doentes cardíacos e sobreviventes de cancro, disse-me:
“Se eu só pudesse dar uma coisa aos meus clientes com mais de 60, seria um sentar-levantar perfeito e lento, com uma contração forte da barriga no topo. É lipoaspiração grátis para a cintura, sem bisturi.”
Porque é que alguns médicos não gostam muito disto, em silêncio? Não por ser inseguro quando bem ensinado, mas porque fica numa zona cinzenta: mais forte do que reabilitação, mas não é bem “exercício suave”.
Obriga a conversa sobre quanta intensidade um corpo mais velho consegue suportar com segurança. E essa conversa pode ser complicada.
A nível psicológico, este movimento também desperta algo. Levantar-se de uma cadeira com força controlada sabe a recuperar autonomia.
A nível metabólico, os agachamentos na cadeira com contração do core juntam três vitórias de uma vez:
- Fortalecem coxas e glúteos, que queimam mais energia em repouso.
- Ensinam os abdominais profundos a estabilizar a coluna, afinando a cintura ao longo do tempo.
- Melhoram o equilíbrio, reduzindo o risco de quedas que tantos temem depois dos 60.
Num dia mau, fazer apenas uma série lenta e precisa pode bastar para lembrar ao corpo que ainda é capaz.
Num dia bom, três séries deixam-nos mais “vivos” do que uma caminhada longa e aborrecida à volta do mesmo quarteirão, outra vez.
Para lá da barriga: o que isto diz sobre envelhecer
A gordura abdominal depois dos 60 não é apenas uma questão de aparência; é uma questão de histórias.
Histórias de carreiras passadas sentados, de filhos criados antes de alguém falar de proteína ao pequeno-almoço, de anos em que o nosso corpo ficou para último lugar.
Quando alguém, já perto dos setenta, começa a fazer agachamentos na cadeira com uma contração firme da barriga, há muitas vezes uma pequena mudança: “Se calhar ainda não acabei de mudar.”
Todos já vivemos aquele momento em que o médico mal levanta os olhos do ecrã e diz: “Tente fazer um pouco mais de exercício.”
Soa vago porque é vago. Por isso é que um movimento concreto, feito três vezes por semana, pode saber a rebeldia.
Não está à espera de um plano perfeito. Não está a comprar um gadget complicado. Está a usar a cadeira da cozinha e dez minutos silenciosos.
O corpo gosta de clareza.
Diga-lhe exatamente o que quer dele e repita a mensagem com frequência, e ele começa a ouvir.
Um sentar-levantar lento, com intenção e tensão no core, envia essa mensagem diretamente para as coxas, as ancas, a coluna e a cintura.
Isto não significa que precise de treinar como uma pessoa de 25 anos.
Significa que pode exigir mais aos seus músculos do que outra caminhada educada à volta do supermercado.
Algumas pessoas sentem primeiro uma ardência suave nas coxas. Outras notam, ao fim de duas ou três semanas, que sair da cama é mais fácil, como se alguém tivesse lubrificado as dobradiças.
A gordura da barriga não desaparece de um dia para o outro, mas muda de textura. Passa de dura e compacta a mais macia e, depois, vai afinando lentamente.
É uma transformação silenciosa, daquelas que só se nota quando um amigo diz: “Emagreceste aqui um bocadinho?” e dá um toque de lado com um sorriso meio invejoso.
Há também um lado social. Quando uma pessoa num casal começa a fazer estes agachamentos, a outra muitas vezes segue, “só para ver qual é a coisa”.
Dez agachamentos na cadeira depois do pequeno-almoço tornam-se um ritual partilhado, algures entre lavar os dentes e ver as notícias. É pequeno. É humano. Encaixa.
No fim de contas, o exercício de que alguns médicos não gostam por ser tão eficiente não é magia.
É apenas trabalho honesto, feito com foco, que respeita as articulações enquanto desafia os músculos.
E reescreve, em silêncio, uma história que repetimos há demasiado tempo: que mudanças a sério depois dos 60 são impossíveis.
Da próxima vez que o médico disser “mexa-se”, talvez sorria e pense na cadeira lá de casa.
Aquela que já não serve só para se sentar.
| Ponto-chave | Detalhe | Interesse para o leitor |
|---|---|---|
| Agachamento na cadeira com contração do core | Sentar-levantar lento a partir de uma cadeira, braços cruzados, abdominais contraídos no topo | Trabalha a gordura abdominal com segurança, protegendo as articulações |
| Frequência e volume | 2–3 séries de 8–10 repetições, duas a três vezes por semana | Rotina simples que cabe na vida real e ainda assim muda a cintura |
| Benefícios para o corpo inteiro | Melhora força, equilíbrio e saúde metabólica depois dos 60 | Ajuda a sentir-se mais estável, móvel e confiante no dia a dia |
Perguntas frequentes
- Este exercício é seguro se tiver dores no joelho? Use uma cadeira mais alta, mantenha os joelhos alinhados com os dedos dos pés e mova-se devagar; se a dor for aguda ou piorar, pare e fale com um fisioterapeuta antes de continuar.
- Em quanto tempo vou ver mudanças na barriga? A maioria das pessoas que mantém a prática três vezes por semana nota maior facilidade de movimento em 2–3 semanas e mudanças visíveis na cintura em 6–12 semanas, especialmente com uma alimentação mais tranquila.
- Preciso de ir ao ginásio para isto resultar? Não. Uma cadeira estável em casa chega; o que importa é a regularidade, o controlo lento e a contração da barriga no topo de cada repetição.
- Posso combinar isto com caminhadas? Sim. Uma caminhada curta depois das refeições e este exercício em dias alternados é uma combinação poderosa para reduzir a gordura abdominal depois dos 60.
- E se ainda não conseguir levantar-me sem usar as mãos? Comece por se impulsionar suavemente com as mãos nas coxas, reduza essa ajuda ao longo do tempo e procure cruzar os braços quando a força melhorar.
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