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Entidades de defesa do consumidor revelam que produtos de beleza ainda contêm conservantes químicos proibidos.

Mulher com um frasco na mão e expressão preocupada num corredor de supermercado, rodeada por mais pessoas a fazer compras.

Um alarme silencioso soa no corredor dos produtos de beleza. Organizações de defesa do consumidor afirmam ter encontrado cremes, toalhitas e séruns à venda que ainda contêm conservantes químicos proibidos em determinados usos. A diferença entre o que está no rótulo e o que é permitido por lei é menor do que um código de barras — mas existe.

Uma mãe segura uma loção para bebés, aperta os olhos para ler a letra minúscula e atira-a para o carrinho. Dois corredores ao lado, um estudante abre um creme de rosto e cheira rapidamente, à procura de hidratação com orçamento limitado. Parece normal. Parece seguro.

Mais tarde, à mesa da cozinha sob um candeeiro amarelo, os mesmos rótulos são lidos de outra forma. Vejo ingredientes destacados pelas entidades reguladoras, retirados de certas categorias ou completamente proibidos. Aqui não se ouve o burburinho da loja. Só o silêncio do regulamento — e um produto que não encaixa bem nele.

Algo não bate certo.

As entidades de defesa do consumidor dizem que as lacunas estão bem à vista

Grupos de consumidores em toda a Europa e Reino Unido compraram dezenas de produtos de beleza do dia a dia — hidratantes, toalhitas, géis de mãos — e depois compararam as listas de ingredientes com as normas em vigor. As conclusões são diretas: produtos leave-on continuam a apresentar metilisotiazolinona (MI) ou a mistura MCI/MI, combinação não permitida em fórmulas leave-on pela legislação da UE e do Reino Unido. Alguns importados chegam mesmo a listar formaldeído ou quaternário-15, ambos totalmente proibidos. Estes itens não são obscuros ou clandestinos. Estão nas prateleiras online e nos cestos de promoções, lado a lado com marcas em conformidade.

Um grupo europeu partilhou que os vendedores em marketplaces eram os mais arriscados. As listas mudavam semanalmente. Uma loção desapareceu após perguntas e reapareceu com uma indicação de “novo lote”. Outra organização sinalizou um recall no EU Safety Gate de um creme facial com isotiazolinonas proibidas e, semanas depois, encontrou um anúncio quase idêntico noutra plataforma. O padrão não é cinematográfico. É banal. Um embaralhar de SKUs, ajuste de embalagens e um vendedor a usar um novo nome de loja.

O motivo para isto continuar a acontecer não é um mistério. Marketplaces online não são retalhistas tradicionais; são intermediários. Milhares de vendedores terceirizados colocam produtos à venda e as verificações podem ser insuficientes. Pequenos importadores podem usar fórmulas antigas ou copiar etiquetas estrangeiras sem as adaptar às regras locais. Resultado: produtos que passam pelos filtros até alguém reclamar, um laboratório fazer um teste rápido ou uma entidade reguladora atuar. E, nesse intervalo, muitos cestos são preenchidos.

O que está realmente proibido, o que está restrito e o que isso significa para a sua pele

Resumindo: o contexto importa. Na UE e no Reino Unido, MI e MCI/MI estão proibidos em produtos leave-on, como cremes de rosto, mas são permitidos em produtos de enxaguamento em níveis muito baixos. O formaldeído está proibido em cosméticos; certos libertadores de formaldeído também foram banidos. Alguns parabenos são restringidos ou proibidos, enquanto outros permanecem permitidos dentro de limites. Não é preciso decorar um dicionário químico. O importante é identificar sinais de alerta que não devem aparecer no tipo de produto que está a utilizar.

Todos já tivemos o momento em que um rótulo parece um sopão de letras. Uma verificação rápida ajuda. Procure por estes nomes: “metilisotiazolinona”, “metilcloroisotiazolinona”, “formaldeído” e “quaternário-15”. Um produto leave-on que inclua qualquer um destes é sinal para deixar na prateleira. Nos produtos de enxaguamento, MI/MCI podem aparecer dentro de limites estritos, mas muitas marcas já os eliminaram devido a preocupações com alergias. Pele sensível? MI foi uma das principais causas de dermatite de contacto na década de 2010 — razão pela qual os reguladores traçaram o limite para produtos leave-on.

Porque é que se fala tanto de conservantes? Eles evitam que fórmulas à base de água se transformem em autênticas culturas de micróbios. Mas nem todos os conservantes são iguais para todos os usos. Um conservante eficaz num gel de banho pode ser problemático num creme de rosto que permanece horas na pele. As regras não são definidas ao acaso; baseiam-se na exposição. Uma pequena dose diária no rosto não é o mesmo que um enxaguamento rápido nas mãos. Quando os defensores encontram conservantes proibidos em produtos leave-on, não estão a ser picuinhas — estão a apanhar exposições consideradas arriscadas pelas políticas em vigor.

Como detetar problemas em 30 segundos, não em 30 minutos

Comece pela categoria: leave-on ou de enxaguamento. Se fica na pele — hidratante, sérum, loção — procure rapidamente “metilisotiazolinona”, “metilcloroisotiazolinona”, “formaldeído” e “quaternário-15”. Se aparecer algum deles, devolva o produto. Toalhitas devem ser tratadas como leave-on, pois deixam resíduos na pele. Para produtos de enxaguamento, MI/MCI podem constar em limites apertados, mas muitas marcas já anunciam “sem MI”. Regra rápida: produto à base de água, barato e com longa validade é sinal para verificar conservantes.

Não complique. Os vendedores mudam rótulos e ordens dos ingredientes e o tamanho da letra pode ser um desafio. Convenhamos: ninguém faz isto todos os dias. Guarde na sua lista ou telemóvel os quatro nomes a evitar. Tire foto do painel INCI e confirme em casa se estiver na dúvida. Se o produto vier de um marketplace e o nome do vendedor parecer uma mistura de letras, atenção. Um revendedor de confiança ou o site da própria marca aumentam as hipóteses de um produto conforme as normas atuais e não de um lote antigo armazenado.

Se algo lhe parecer estranho — literalmente ou não — proteja a sua pele.

“Quando testamos produtos de beleza, não estamos à caça de fantasmas. Estamos a verificar se a lista de ingredientes corresponde à lei para esse tipo de produto,” diz um defensor do consumidor europeu. “A maioria das marcas cumpre. O problema é a venda fragmentada online.”
  • Lista vermelha para leave-on: “metilisotiazolinona”, “metilcloroisotiazolinona”, “formaldeído”, “quaternário-15”.
  • Toalhitas comportam-se como leave-on: aplicar os mesmos critérios.
  • Compras em marketplaces? Veja o nome do vendedor, não apenas a marca.
  • Reações cutâneas após novo creme: pare, fotografe os ingredientes, reporte à marca ou à autoridade local.
  • Dê preferência a marcas que publicam listas INCI e datas de lote atualizadas.

A conversa é maior do que um rótulo

Quando as entidades de defesa expõem conservantes proibidos ainda presentes em produtos de beleza, trata-se tanto de confiança como de química. As marcas que cumprem são arrastadas pela mesma maré dos vendedores que reciclam fórmulas antigas. As entidades reguladoras agem, adaptam-se e emitem recalls, mas a fiscalização tenta acompanhar a velocidade e o volume. As plataformas dizem que melhoraram os controlos e remoções, mas a constante entrada de novos anúncios recomeça o ciclo. Quem fica no meio são os consumidores com o cesto de compras.

Existe um caminho visível a seguir. Os retalhistas podem exigir documentação de conformidade por lote, não só por marca. As plataformas podem limitar lojas ofensivas reincidentes e passar a exigir listas de ingredientes obrigatórias, legíveis e pesquisáveis. Os consumidores podem influenciar o mercado recusando leave-ons com os velhos ingredientes problemáticos. Mudança segue a fricção. Quanto mais exigirmos rótulos limpos e atuais, menos espaço haverá para conservantes proibidos entrarem na rotina atual. Não é uma cruzada. Apenas um empurrão coletivo e silencioso.

Ponto-chaveDetalheInteresse para o leitor
Proibido vs. restritoMI/MCI proibidos em leave-ons; formaldeído e quaternário-15 proibidos; alguns conservantes permitidos apenas em enxaguamentos e com limitesSaiba o que nunca pode estar num leave-on e o que pode surgir num produto de enxaguamento
Risco em marketplacesVendedores terceiros podem listar stock antigo ou fora das normas; retiradas acontecem após reclamaçõesEvite produtos problemáticos e escolha rotas de compra mais seguras
Verificação do rótulo em 30 segundosProcure quatro nomes proibidos; trate toalhitas como leave-on; fotografe os ingredientesPassos práticos que evitam confusões na loja

Perguntas Frequentes:

  • Todos os conservantes são maus em produtos de beleza? Não. Os conservantes impedem o crescimento de micróbios em fórmulas à base de água. O problema é com químicos específicos e o contexto de uso. Um conservante seguro num produto de enxaguamento pode ser proibido num leave-on.
  • Porque é que MI e MCI/MI são destacados? O aumento de alergias ligadas a estes isotiazolinonas levou os reguladores a proibi-los em produtos leave-on na UE e no Reino Unido. Ainda são permitidos em níveis muito baixos em enxaguamentos, mas muitas marcas já os eliminaram.
  • Formaldeído ainda aparece? O formaldeído está proibido em cosméticos na UE/Reino Unido. Entidades de defesa encontram alguns importados que ainda o listam, ou libertadores proibidos como o quaternário-15. É aqui que entram os recalls e as remoções do mercado.
  • Como está a situação nos EUA? As normas federais são mais flexíveis, mas estados como Califórnia e Maryland já proibiram determinados conservantes e libertadores de formaldeído em cosméticos vendidos localmente. Muitas marcas importantes alinham fórmulas nos vários mercados.
  • O que devo fazer se tiver uma reação a um produto? Deixe de usar. Fotografe a lista de ingredientes e o código do lote. Contacte a marca e reporte à autoridade local de saúde. Se os sintomas forem fortes ou persistentes, consulte um dermatologista.

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