Depois a cor intensificou-se até se tornar inconfundível — o rosa dobrava-se no roxo, uma fita que ondulava como o hálito num espelho frio. Os cientistas dizem que estamos a ver um novo tipo de aurora, provocada por partículas solares que atingem a nossa atmosfera da forma certa, e isso levanta novas questões sobre o Sol, a atmosfera, e quanto maravilhamento ainda nos resta.
Estava de pé no acostamento gelado de uma estrada, pneus a estalar enquanto um casal parava atrás de mim, vidros abertos, olhos virados para norte. O primeiro risco parecia estranho, sinceramente — não eram as cortinas verde-lima que aparecem em todos os postais, mas uma faixa brilhante como uma nódoa negra, rosa nas bordas, a pulsar e depois a parar, como um batimento cardíaco. Um adolescente de capuz murmurou: “Isto é real?” e levantou o telemóvel, como se este pudesse responder que não.
Lá em baixo, na rua, as luzes das varandas apagaram-se uma a uma. A fita ganhou uma espinha, fina e direita como um laser, depois relaxou até parecer um comboio de suaves pregas verticais. *Senti aquela calma estranha que surge quando o céu se esquece das regras.* Atrás de nós, a cidade zumbia como sempre, candeeiros de sódio e autocarros da meia-noite, enquanto acima a cor continuava a mudar — violeta, depois rosa, depois algo entre os dois. Não rugia. Apenas te envolvia. E depois deslizou para o lado, como se tivesse escolhido ser vista. Um pensamento simples acompanhou-me até casa. Isto não vinha nos manuais escolares.
A noite em que o céu ficou cor-de-rosa
Chegaram relatos de locais que normalmente ficam de fora da festa das auroras. Aldeias, margens de lagos, periferias de cidades, onde raramente alguém procura tempestades solares numa terça-feira. O brilho rosa e roxo não se parecia nada com as clássicas cortinas verdes. Formava uma faixa estreita, por vezes reta como uma lâmina, outras ondulada como uma bandeira prestes a rasgar-se. **Esta não era a habitual aurora verde.** Movia-se rápido, depois parava, depois deslizava como um fio de água quente a atravessar água fria — e esse detalhe importa para a física.
Observadores amadores fizeram o que sabem melhor: olharam, fotografaram, trocaram impressões. Num vídeo muito partilhado, vê-se a cor a formar-se em oito segundos, um núcleo violeta com margens rosa que se alargam e relaxam. Noutro, um pequeno espectroscópio de quintal capta uma linha reveladora no azul-violeta, enquanto o vermelho se aprofunda nas bordas. Junto a um campo gelado, um pequeno grupo viu a fita a cintilar no mesmo local, como um néon a testar a corrente, e depois a saltar uns graus para leste. Alguém riu daquele jeito sem fôlego de quem já ficou sem palavras.
Então o que é isto? Resumindo: partículas de alta energia emitidas pelo Sol entram na atmosfera superior da Terra, e as suas colisões excitam gases que brilham em cores específicas. O verde é oxigénio a cerca de 160–240 km de altitude; o vermelho é oxigénio ainda mais acima. A mistura rosa e roxa aponta para azoto molecular e azoto ionizado a emitir no azul-violeta, misturando-se com luz vermelha do oxigénio ou hidrogénio. Quando protões do vento solar sofrem troca de carga e caem como hidrogénio neutro rápido, podem criar linhas vermelhas ténues. Mistura o vermelho com o violeta do azoto e obténs aquele tom magenta tão peculiar. É a mistura — e a rapidez e o formato — que tornam este fenómeno novo.
Como observar — e realmente fotografar — a aurora rosa-roxa
O mais simples: procura um local escuro. Encontra o horizonte norte mais limpo possível, mesmo que seja só o outro lado de um parque. Liga o modo noturno da câmera ou os controlos manuais, usa uma lente grande angular, e experimenta uma exposição de 2–4 segundos a ISO 800–1600. Mantém o balanço de brancos em luz do dia para evitar verdes estranhos. Se possível, grava um pequeno vídeo; estas fitas podem pulsar ritmicamente, e o movimento diz muito. Um tripé barato supera sempre mãos geladas.
Vê o vento solar como quem observa o trânsito antes de uma viagem. Procura uma componente magnética sul forte (Bz negativo), aumento na velocidade do vento solar e saltos repentinos na densidade. Apps que enviam alertas funcionam melhor do que painéis que acabas por nunca consultar. Sejamos honestos: ninguém faz isso todos os dias. Se houver tempestade, dá uma saída de três minutos, olhos adaptados, telemóvel pronto, depois volta para dentro aquecer. Esse ritmo mantém-te são e ainda apanhas o espetáculo.
Poupas tempo se evitares as armadilhas habituais. Não procures só o grande verde; a faixa rosa-roxa pode aparecer mais baixa, fina e discreta. Não confies apenas numa webcam nublada. E não assumas que é poluição luminosa — o tom é diferente e move-se como se o tempo andasse ao contrário.
“Parecia um segredo,” disse um observador. “Como uma linha que alguém desenhou no céu e depois deixou derreter.”
- Procura uma faixa estreita e estável, com núcleo rosa ou violeta.
- Observa entre 20–40 graus acima do horizonte; nem sempre se eleva muito.
- Usa exposições de 2–4 segundos para captar a cor sem perder definição.
- Se a faixa pulsar, continua a gravar — podes apanhar o padrão.
- Partilha hora, local e definições da câmara. Cada dado conta.
Porque esta descoberta importa para o “clima espacial” — e para nós
Na ciência, uma nova subclasse de auroras abre uma janela para perceber como as partículas solares interagem com a atmosfera. O tom rosa-roxo indica uma mistura de química iónica e fluxos rápidos que não surgem nas habituais tempestades verdes. Isto implica novos modelos, novos espectros laboratoriais para comparar e novas formas de testar como a energia passa do espaço para o ar. Para as pessoas, altera quem tem oportunidade de ver o céu mudar. Uma faixa mais baixa e fina pode chegar a latitudes onde raramente há auroras, levando mais gente ao mesmo silêncio partilhado.
Todos já tivemos aquele momento em que algo pequeno e belo nos faz parar no meio da correria do dia-a-dia. Este é um desses casos. **Os cientistas dizem que é uma nova classe de aurora.** Pessoas em urbanizações, costas e estradas sossegadas dizem que aquilo tornou a noite maior. O rosa não é só uma cor; é uma pista de que a Terra ainda nos está a ensinar como funciona. E traz um desafio simpático: o que mais teremos perdido por não estarmos a olhar?
| Ponto-chave | Detalhe | Interesse para o leitor |
| Nova aurora cor-de-rosa e roxa | Faixas estreitas com núcleo violeta e bordas rosadas ligadas a colisões de partículas específicas | Sabe o que estás a ver, e não apenas que o estás a ver |
| Física da cor decifrada | Mistura de emissões de iões de azoto em azul-violeta com vermelho de oxigénio ou hidrogénio | Transforma um momento bonito num conhecimento que podes partilhar |
| Quando observar | Forte atividade geomagnética com Bz negativo e aumento da velocidade do vento solar | Escolhe as noites e melhora as probabilidades, mesmo em latitudes médias |
Perguntas frequentes :
Isto é o mesmo que o STEVE? Não exatamente. O STEVE é um arco malva ligado a fluxos subaurorais rápidos e frequentemente exibe uma “cerca” verde. A nova aurora rosa-roxa surge em faixas mais finas e móveis, com uma mistura de cores que aponta para colisões de partículas diferentes.
Pode aparecer longe dos polos? Sim, durante grandes tempestades. A faixa aparece mais baixa no céu e pode chegar a latitudes médias, por isso se estiveres à margem das zonas típicas de auroras, podes ver.
O que cria as cores rosa e roxa? Linhas azul-violeta provenientes de azoto ionizado misturam-se com luz vermelha, provavelmente do oxigénio em altitude e, por vezes, do hidrogénio associado à precipitação de protões. A mistura é lida como magenta pelo olho e pela câmara.
É perigoso? Não para observar. O brilho é apenas luz de gases excitados. Grandes tempestades podem afectar redes elétricas e satélites, mas ver debaixo do céu é tão seguro como qualquer passeio noturno.
Como fotografo com o telemóvel? Usa o modo noturno ou manual: 2–4 segundos, ISO 800–1600, lente grande angular, suporte estável. Exposição mais curta ajuda a manter a faixa nítida e as cores reais. Não precisas de uma DSLR para apanhar o fenómeno.
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