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10 pratos que chefs recomendam evitar pedir em restaurantes

Chef revê o menu enquanto prepara o prato do dia, com bife grelhado e salada num balcão de cozinha.

Os restaurantes prometem conforto e evasão, mas algumas escolhas do menu aumentam silenciosamente o risco de arrependimento, em vez de prazer.

Chefes que passam a vida atrás do passe veem padrões que a maioria dos clientes não nota. Sabem que pratos brilham - e quais costumam esconder ingredientes cansados, preparação descuidada ou margens desnecessárias. Ouvi-los não estraga a magia de comer fora. Apenas ajuda a desfrutar com menos surpresas desagradáveis.

Porque é que os chefs evitam secretamente certos pratos

A maioria das cozinhas equilibra criatividade com controlo de custos. O desperdício alimentar reduz as margens, por isso as sobras muitas vezes ganham uma segunda vida. Isso é normal, mas a forma como alguns restaurantes o fazem pode afetar sabor, textura e, no pior dos casos, a segurança alimentar. Quando vários chefs de topo avisam consistentemente contra os mesmos itens, não é apenas snobismo. Normalmente é logística.

Seja cético em relação a pratos que dependem muito de há quanto tempo algo está no frigorífico, debaixo de uma lâmpada de aquecimento ou sobre gelo.

Do peixe de segunda-feira à “sopa especial”, muitos destes pedidos com bandeira vermelha partilham o mesmo problema: o tempo. Outros sofrem de execução preguiçosa ou de puro marketing. Eis como os chefs o explicam.

1. Peixe à segunda-feira

Anthony Bourdain avisou, de forma célebre, contra pedir peixe às segundas-feiras em muitos restaurantes de cidade. A lógica era simples: muitos locais recebem grandes entregas de marisco e peixe antes dos fins de semana cheios e depois vão gastando o stock. Se não houver entrega fresca até terça-feira, o peixe de segunda pode já estar no quarto ou quinto dia.

O bom peixe aguenta uma janela curta se for bem armazenado, mas a textura e o sabor degradam-se rapidamente. O risco não é apenas deterioração. Peixe mais velho costuma levar mais molho, mais temperos ou acaba em guisados e caris para disfarçar que já passou do melhor.

Pergunte de onde veio o peixe e quando foi entregue, sobretudo no início da semana ou longe da costa.

Locais de gama alta com fornecedores diários, ou restaurantes mesmo junto ao porto, muitas vezes fogem a esta regra. Mas se o menu parecer genérico e os pratos de peixe soarem a “pensamento tardio”, muitos chefs encaminham-no antes para carne ou opções vegetarianas.

2. O “prato do dia” suspeito

A expressão “especialidade do chef” pode significar duas coisas muito diferentes. Por vezes é uma ideia genuinamente sazonal, feita com produtos lindos. Outras vezes é uma forma conveniente de escoar o frigorífico sem deitar comida fora.

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Os chefs descrevem duas grandes categorias de prato do dia:

  • especial criativo: construído em torno de produtos frescos e limitados e receitas testadas
  • especial de sobras: uma mistura de ingredientes que precisam de sair antes de expirarem

Reconhece o segundo quando o prato parece sobrecarregado: legumes ao acaso, molhos estranhos, proteínas que não combinam bem. As sopas são um risco particular aqui: caldo, aparas e acompanhamentos de ontem podem desaparecer todos na panela.

Vários chefs conhecidos sugerem saltar a “sopa do dia”, a menos que o restaurante tenha forte reputação nisso, ou que a equipa consiga explicar claramente o que leva e com que frequência é feita fresca.

3. Saladas feitas por obrigação

As saladas parecem uma opção segura e saudável. Em muitos sítios, são. Ainda assim, muitos chefs evitam-nas discretamente em locais onde a salada claramente não é prioridade. O problema não são os vegetais crus em si, mas a forma como são manuseados.

Em cozinhas muito atarefadas, componentes de salada ficam muitas vezes pré-cortados durante horas. As folhas murcham, o pepino “sua”, o tomate fica mole. Molhos carregados de alho ou vinagre podem mascarar esses defeitos. A higiene também pode falhar se as saladas forem montadas na mesma bancada cheia onde se prepara o resto.

Se o menu trata a salada como um gesto simbólico, o prato que recebe pode ser sobretudo alface cansada e sobras do frigorífico.

Procure restaurantes que indiquem verduras específicas, ervas, frutos secos ou cereais, e onde as combinações de saladas pareçam pensadas - não genéricas. Isso costuma indicar mais cuidado e preparação mais fresca.

4. Pratos de frango que cobram mais do que entregam

Muitos chefs têm uma antipatia moderada por pratos principais de frango em restaurantes de gama média. O frango é barato de comprar, muitas vezes insosso se não for bem trabalhado e seca facilmente. Ainda assim, aparece regularmente como um dos pratos mais caros.

As porções tendem a ser grandes, o que incentiva a comer em excesso sem trazer mais sabor. Os molhos vêm pesados: natas, manteiga, coberturas doces. Sai cheio, mas não especialmente satisfeito.

Os chefs recomendam muitas vezes experimentar pratos mais pequenos ou proteínas menos óbvias. Pá de porco, borrego, ou pratos vegetarianos à base de leguminosas ou legumes assados podem oferecer mais personalidade por um preço semelhante.

5. Marisco longe do mar

A segurança do marisco depende do manuseamento em todas as etapas: apanha, refrigeração, transporte, armazenamento e preparação. Essa cadeia estica-se no interior. Muitos chefs evitam pedir mexilhões, amêijoas ou travessas mistas de marisco quando estão longe da costa, a menos que conheçam pessoalmente os padrões do restaurante.

O marisco congelado não é, por si só, o vilão. Bem feito, pode ser excelente. A preocupação surge quando a cozinha trata bivalves e crustáceos de forma descuidada: descongelados demasiado cedo, mantidos demasiado quentes ou reaquecidos mais do que uma vez. Essa combinação pode causar intoxicações alimentares graves.

Tipo de marisco Fatores de risco
Mexilhões, amêijoas Mantidos quentes para serviço, não descartados quando as conchas ficam fechadas
Camarões Pré-cozinhados e depois reaquecidos várias vezes em molhos ou buffets
Ostras Servidas cruas com origem pouco clara ou rotação fraca

Os chefs também olham para o volume. Se um sítio vende muito marisco, o stock roda depressa - o que geralmente significa pratos mais frescos e mais seguros.

6. Pratos que não combinam com o “tema” do restaurante

A maioria dos chefs faz uma careta quando vê clientes a pedir o único prato estranho que não encaixa no resto do menu. Sushi num café asiático genérico, um bife numa pizzaria, um pad thai num pub que serve sobretudo hambúrgueres: esses itens raramente recebem o mesmo cuidado que a oferta principal.

A lógica é simples. As cozinhas ajustam formação, equipamento e fornecedores ao que vendem mais. Isso significa melhor técnica, stock mais fresco e resultados mais consistentes nas especialidades. O prato “para agradar a todos” muitas vezes depende de componentes congelados ou atalhos.

Se o prato parece ter sido acrescentado apenas para “cumprir calendário”, os chefs assumem que não será o trabalho de que a cozinha mais se orgulha.

Um teste rápido: olhe para as mesas ao lado. Se ninguém estiver a comer o prato que lhe chamou a atenção, talvez seja melhor reconsiderar.

7. Itens cremosos ou “frescos” em buffets

Os buffets trazem riscos específicos porque a comida pode ficar exposta durante muito tempo à temperatura ambiente ou em tabuleiros de aquecimento morno. Os chefs desconfiam particularmente de saladas cremosas, pratos com maionese, cocktails de marisco e de tudo o que pareça ter sido mexido repetidamente durante o serviço.

As temperaturas nessa chamada “zona de perigo” favorecem a multiplicação de bactérias. Mesmo que não fique doente, textura e sabor pioram quando os pratos ficam horas à espera: molhos talham, legumes perdem crocância, carnes secam.

Opções mais seguras num buffet costumam incluir:

  • itens grelhados na hora, preparados por encomenda
  • arroz branco simples ou cereais básicos
  • fruta inteira ou legumes claramente frios e estaladiços

Em caso de dúvida, observe o comportamento da equipa. As travessas são rodadas com frequência? Trocam as taças por completo ou apenas “vão enchendo”? Esse pormenor diz muito sobre disciplina alimentar.

8. Bife bem passado

Muitos chefs aceitam que cada pessoa coma carne como gosta. Ainda assim, admitem que pedir bife bem passado muitas vezes corre mal. A cozedura prolongada altera a textura e expulsa a humidade. Em alguns locais, os cortes menos atraentes migram para a secção “bem passado”, já que o muito tostado disfarça imperfeições.

Os restaurantes por vezes reservam peças bem marmorizadas para pedidos “médio” ou “mal passado”, onde a qualidade se nota. Nem todos o fazem, mas é suficientemente comum para que vários chefs avisem amigos.

Se pede sempre carne bem passada, pode estar a pagar preços premium por carne que a cozinha considera de segunda escolha.

Quem não gosta de carne sangrenta pode pedir “médio-bem” e especificar que ainda quer o bife suculento. Isso dá ao chef alguma margem para proteger o corte.

9. Vinho da casa a copo e pão eternamente reciclado

O vinho da casa pode ser um bom negócio, mas chefs e sommeliers sabem que por vezes serve outro propósito: escoar vinho a granel com margens generosas. As doses a copo ocasionalmente vêm de bag-in-box ou de garrafas abertas há demasiado tempo - especialmente se o restaurante vender pouco vinho.

Pedir uma garrafa inteira tende a reduzir esses riscos. Abrem-na à sua frente, e é mais fácil acompanhar a rotação. Se ainda preferir a copo, pergunte quais são os vinhos que saem mais depressa e escolha desses.

Os cestos de pão também têm os seus pequenos segredos. Algumas cozinhas reaproveitam discretamente pedaços intocados de uma mesa, aquecem-nos e voltam a servi-los noutra. Essa prática é menos comum do que antes, mas chefs que trabalharam em casas mais antigas dizem que ainda acontece.

Pode reduzir riscos de contacto pegando no que quer logo no início e mantendo-o do seu lado da mesa. Se o pão souber estranhamente seco mas estiver quente, pode ter sido reaquecido.

10. Hambúrgueres “gourmet” demasiado caros

O boom dos hambúrgueres fez os preços subir ao vestir um conceito simples com linguagem de luxo. Óleo de trufa, pães “artesanais”, queijo curado e misturas com wagyu aparecem em força nas descrições. No entanto, muitos chefs defendem que a estrutura base é a mesma: carne picada, pão, molho e guarnição.

Alguns elementos premium aparecem em quantidades tão pequenas que mal mudam a experiência, enquanto o preço dispara. Acaba a pagar pela história, pelo empratamento e pela imagem do restaurante tanto quanto pelos ingredientes.

Se o hambúrguer custa o mesmo que um bife bem confecionado, verifique se os “upgrades” são reais ou sobretudo marketing.

Muitos chefs preferem pedir hambúrgueres simples em locais casuais que se especializam nisso, em vez de versões “gastronómicas” em salas de fine dining onde o hambúrguer parece uma novidade.

Como ler um menu como um chef

Para lá de evitar certos pratos, os cozinheiros profissionais usam alguns testes rápidos para avaliar um menu. Observam o comprimento: uma lista longa, com pratos muito variados, sugere uso intenso de congelados ou pré-preparados. Observam a repetição: o mesmo molho em metade dos pratos principais pode indicar atalhos. Observam a sazonalidade: morangos no inverno ou espargos o ano inteiro sugerem dependência de produto importado.

Também prestam atenção ao silêncio. Se a equipa tem dificuldade em explicar de onde vem o peixe, com que frequência mudam os especiais, ou se as sobremesas são feitas na casa, esse vazio fala alto.

Quando faz sentido “quebrar as regras”

Estes avisos não são leis rígidas. Há peixe de segunda-feira excelente. Há buffets com registos rigorosos de temperatura e rotação frequente. Há hambúrgueres de fine dining que justificam realmente o preço com componentes de topo em quantidade generosa e confeção cuidada.

A chave é o contexto. Um pequeno bistrô de marisco junto ao porto, com menu curto e uma ardósia com a captura do dia, pode servir peixe à segunda em perfeitas condições. Uma steakhouse que se orgulha de carne maturada a seco pode tratar pedidos bem passados com respeito e cortes de alta qualidade.

Usar estas pistas dos chefs como orientações - e não como proibições absolutas - ajuda-o a fazer melhores perguntas e a identificar os sítios que tratam a comida com cuidado. Essa pequena mudança pode transformar a mesma conta num melhor copo de vinho, peixe mais fresco ou um prato principal que pareça realmente valer o mimo.

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